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sábado, 29 de janeiro de 2011

O quase fim do algodão potiguar

Se não houver acordo, o Brasil poderá impor sanções no valor de U$S 830 milhões contra os Estados Unidos, direito conquistado junto a Organização Mundial do Comércio, porque há vários anos aquele país subsidiava, ilegalmente, os seus produtores de algodão. A alternativa seria a criação de um fundo de US$ 147,3 milhões, para financiar projetos que beneficiaria os cotonicultores brasileiros.

O subsidio ilegal foi descoberto e iniciado em 2002, ainda na gestão de Fernando Henrique Cardoso, e encampado pelo novo governo. Estima-se que, de 1998 àquele ano, o governo americano teria pago algo entre US$ 1,9 bilhão e US$ 3,9 bilhão, por ano, aos produtores de algodão – US$ 1,4 bilhão acima do teto de estabelecido pela OMC. Esse subsídio, ao mesmo tempo em que tornou o produto de origem estadunidense mais competitivo no mercado internacional prejudicou o algodão de origem nacional. Foi a pá de cal no enterro da cotonicultura potiguar, que há anos já vinha em estado quase que terminal.

Planta natural da America – o seu cultivo antecede ao descobrimento –, a produção comercial de algodão brasileiro foi iniciada logo no início da colonização. Ressalte-se, entretanto, que até o inicio do século XVIII essa era tão somente uma cultura de roça, porém presente em todas as províncias da colônia. A partir daí começou a aparecer como mercadoria de exportação, tendo como destino principal a Inglaterra; todavia o Rio Grande do Norte tinha uma ínfima participação, como Estado produtor. No início do século XIX, a cultura do algodão se desenvolveu no Brasil, integrando com mais presença a corrente exportadora. Em 1825, o algodão contribuía com 30,7% das exportações do país, enquanto que o café representava apenas 19,8%.

Somente no período da primeira guerra mundial (1914-1918) é que a economia algodoeira realmente se destaca no cenário do Rio Grande do Norte; com atuação mais centrada na região do Seridó, porém com presença marcante na região Oeste. Aqui sempre predominaram as variedades arbóreas (mocó ou Seridó, chamada de “algodão nordestino”), apreciadas por suas fibras compridas e sedosas. Também eram plantadas algumas herbáceas, inclusive as dos tipos Sea-Island e o Upland, norte-americanas, e Jumel, egípcia. Nos anos 20, o Estado continuou sendo um grande produtor de algodão e parte substancial dessa produção era exportada pelo porto de Areia Branca. No final da década tudo quase que parou, com o colapso da Bolsa de Nova Iorque – não havia compradores.

Apesar dos reflexos dessa enorme crise, quando o algodão foi uma das mercadorias mais impactada, em 1935 a produção norte rio-grandense de algodão cresceu 22,3% se comparada com a de 1930, com a extensão de 31,7% da área cultivada, fatores que colocaram o Estado em 2º lugar no ranque de rendimento por hectare plantado.

Foi nos anos 50, com a expansão da indústria têxtil em São Paulo, e em outras unidades federativas localizadas no sul do país, que se verificou a expansão da agroindústria algodoeira nacional, fazendo, inclusive, que nos anos de 1961/1963 (quando foram exportadas 109,7, 112,2 e 114,2 milhões de dólares), o produto figurasse no 2º lugar da pauta de exportação brasileira, ficando atrás apenas do café. Nesse período eu era funcionário do Banco do Nordeste e participei de vários “comandos” para fazer cadastros, oferecer financiamento e assistência técnica aos cotonicultores de Mossoró, Apodi, Carnaúbas, Janduís, Assú e outros. No Estado havia várias empresas maquinistas de algodão, principalmente no Seridó e Oeste. Em Mossoró a S/A Mercantil Tertuliano Fernandes (dirigida por Antonio Florêncio de Queiros e na época a maior empresa do Estado, com atuação também na salinicultura), Alfredo Fernandes & Cia., J. Duarte & Cia., Antonio Neo & Cia., CICOSA-Cia. Industrial e Comercial de Óleos S/A e outras mais. Lá chegaram a funcionar duas fábricas de óleo comestível, extraído do caroço do algodão: Pleno e Tibiriçá, comercializados em todo o Brasil. No Estado havia, ainda, os óleos: Benedito, em Macaíba, de Nóbrega & Dantas; Mavioso e Arcal, de Medeiros & Cia, em Jardim do Seridó; e Sândi, da Algodoeira São Miguel (Machine Cottons Limited), em São Miguel.

No Rio Grande do Norte a cadeia produtiva do algodão (lavoura, descaroçamento, refino, indústria têxtil e do vestuário) começou a declinar no final dos anos 70. Na década seguinte a praga do bicudo se alastrou pelo Nordeste e dizimou as plantas de algodão. A partir daí, os Estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro passaram a ser os principais produtores, enquanto que o Nordeste, afetado por fatores climáticos, econômicos e, sobretudo, biológicos, passou a ser apenas um mero coadjuvante. A cotonicultura potiguar persiste, porém com produção irrisória. Os últimos dados do IBGE dizem que em 2007 produzimos 3.634 toneladas, no valor de R$ 3,5 milhões; em 2008, 5.158 toneladas, no valor de R$ 5,0 milhões.
FONTE: TRIBUNA DO NORTE

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Marilia Jullyetth Bezerra das Chagas, natural de Apodi-RN, nascida a XXIX - XI - MXM, filha de José Maria das Chagas e de Maria Eliete Bezerra das Chagas, com dois irmãos: JOTAEMESHON WHAKYSHON e JOTA JÚNIOR. ja residi nas seguintes cidades: FELIPE GUERRA, ITAÚ, RODOLFO FERNANDES, GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO e atual na cidade de Apodi. Minha primeira escola foi a Creche Municipal de Rodolfo Fernandes, em 1985, posteriormente estudei em Governador Dix-sept Rosado, na no CAIC de Apodi, Escola Estadual Ferreira Pinto em Apodi, na Escola Municipal Lourdes Mota. Conclui o ensino Médio na Escola Estadual Professor Antonio Dantas, em Apodi. No dia 4 de abril comecei o Ensino Superior, no Campus da Universidade Fderal do Rio Grande do Norte, no Campus Central, no curso de Ciências Econômicas. Gosto de estudar e de escrever. Amo a minha querida terra Apodi, porém, existem muitas coisas erradas em nossa cidade, e parece-me que quase ninguém toma a iniciativa de coibir tais erros. Quem perde é a população.

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