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sábado, 29 de janeiro de 2011

O Início da cotonicultura no Rio Grande do Norte

Por Muirakytan K. de Macêdo – Professor do Curso de História do CERES – Campus de Caicó)

A cotonicultura representou, nas chamadas províncias do Norte, a única cultura que concorreu de forma marcante com o açúcar, em termos de exportação para o mercado internacional.

Na passagem do século XVIII à centúria seguinte, o algodão emergiu de produto consumido no âmbito restrito do setor de subsistência nordestino, à mercadoria significativamente inserida nas trocas comerciais brasileiras com o mercado internacional.

O Nordeste agrário não-açucareiro será redefinido, portanto, pelo algodão. A razão dessa alavancagem agrícola e comercial processa-se ao sabor das injunções do mercado mundial. Notadamente, podemos perceber que por duas vezes sua extroversão para o mercado inglês é o contraponto de crises conjunturais ocorridas nos Estados Unidos da América: primeiro a Guerra da Independência Americana (1776-1783) e segundo a Guerra da Secessão (1860). Em ambos os casos, privada de sua principal fonte fornecedora, a Inglaterra terá de procurar outros mercados de matérias-primas para abastecer o parque têxtil britânico.

Esse cenário internacional provocou a criação de outras áreas agrícolas nas províncias do Norte que não aquelas áreas voltadas para a atividade açucareira. Nesse sentido, adentrando-se pelos sertões, essa cultura ocuparia espaços antes orientados majoritariamente para a pecuária. Diferentemente dessa, porém, teria como característica inusitada para esse espaço, a produção agrícola para o mercado exterior.

No primeiro surto exportador despontou o Maranhão como maior produtor de algodão do Brasil. No segundo, ocorreu a expansão dessa cultura pelos territórios sertanejos e agrestinos do Norte.

Uma outra característica que se salientou de ambos os fluxos acima descritos foi a precária continuidade da produção - no sentido de sua extroversão para o mercado estrangeiro. Tal fato denunciou-se pela clara dependência do comportamento do contexto político americano: tão logo contornadas as crises estadunidenses, o algodão nordestino retraía-se, visto que o parque têxtil inglês retomava suas transações comerciais com os EUA.

Tal retraimento não significou, óbvio, o desaparecimento da cotonicultura. No século XVIII, quando ocorreu a desaceleração dessa cultura para o mercado exterior, ela se redefiniu, ocupando o nicho reservado às culturas de subsistência. Mais adiante, a partir de fins do século XIX, embora nunca tivesse cessado de todo a demanda externa, o algodão passou a ser escoado para a crescente indústria têxtil brasileira. Assim, "o desenvolvimento da indústria têxtil algodoeira nacional garantiu a permanência da cotonicultura como setor agrícola de peso na economia nordestina" (TAKEYA: 1985, p.30).

Conforme apontam os elementos que trabalhamos até o momento, historicamente, o espaço norte-rio-grandense fundou-se sobre duas bases: agrícola e pecuária. A peculiaridade desse espaço não proporcionou, por muito tempo, uma exploração agrícola pautada somente na monocultura açucareira de forma a definir perenemente toda a economia, seja da capitania, província ou estado. Isso se deve, em grande parte, a uma particularidade geográfica que salta aos olhos no mapa norte-rio-grandense.

O espaço potiguar possui somente uma pequena faixa de terras propícias a essa atividade açucareira. A área destinada a essa cultura restringiu-se a uma pequena porção do litoral oriental, ao passo que a pecuária ocupou todo o sertão. Será nesse último que o algodão encontrará condições ecológicas, sócio-econômicas e políticas para se desenvolver. (Ver "O algodão na economia seridoense")

Favor citar da seguinte forma:

MACÊDO, M. K. de (1998). A cotonicultura no Rio Grande do Norte. História do RN n@ WEB [On-line]. Available from World Wide Web:

Referências Bibliográficas

TAKEYA, D. M. Um outro Nordeste - o algodão na economia do Rio Grande do Norte: 1880-1915. Fortaleza: BNB/etene, 1985.

LIMA, L. M. & TAKEYA, D. M. História político-administrativa da agricultura do RN –1892-1930. Natal: FGV-CEPA-CPGDA, 1979.

CLEMENTINO, M. do L. M. O maquinista de algodão e o capital comercial. Natal: Ed. Universitária, 1986.

______________. Economia e urbanização - o Rio grande do Norte nos anos 70. Natal: CCHLA, 1995.

SILVA, M. G. da. et al. A economia norte-rio-grandense e a crise de29. Natal: Ed. Universitária, 1986.

CARVALHO FILHO, J. O Rio Grande do Norte em visão prospectiva. Natal: FJA, 1976.

FARIA, J. L. de. O algodão no Rio Grande do Norte. In: SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA – PRIMEIRA CONFERÊNCIA ALGODOEIRA. 1915, São Paulo. Annaes... São Paulo: s/e, 1915.

O GRANDE erro. O Seridoense, 24.05.1918.

DICIONÁRIO GEOGRAPHICO E ETNOGRAPHICO DO BRASIL.Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1922.

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Marilia Jullyetth Bezerra das Chagas, natural de Apodi-RN, nascida a XXIX - XI - MXM, filha de José Maria das Chagas e de Maria Eliete Bezerra das Chagas, com dois irmãos: JOTAEMESHON WHAKYSHON e JOTA JÚNIOR. ja residi nas seguintes cidades: FELIPE GUERRA, ITAÚ, RODOLFO FERNANDES, GOVERNADOR DIX-SEPT ROSADO e atual na cidade de Apodi. Minha primeira escola foi a Creche Municipal de Rodolfo Fernandes, em 1985, posteriormente estudei em Governador Dix-sept Rosado, na no CAIC de Apodi, Escola Estadual Ferreira Pinto em Apodi, na Escola Municipal Lourdes Mota. Conclui o ensino Médio na Escola Estadual Professor Antonio Dantas, em Apodi. No dia 4 de abril comecei o Ensino Superior, no Campus da Universidade Fderal do Rio Grande do Norte, no Campus Central, no curso de Ciências Econômicas. Gosto de estudar e de escrever. Amo a minha querida terra Apodi, porém, existem muitas coisas erradas em nossa cidade, e parece-me que quase ninguém toma a iniciativa de coibir tais erros. Quem perde é a população.

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